Todos nós gostamos de pedalar sobre duas rodas, caso contrário não estaríamos aqui!
Sentir o vento a passar-nos pela cara na descida, mesmo que seja o ar da ventoinha é um deleite.
Adoramos sentir que demos tudo o que tínhamos, sentir cada gota do suor que pingamos. As dores com que ficamos nas pernas quase que são a medalha que levamos para casa no fim da prova e que orgulhosamente envergamos.
No desporto e em particular no Zwift é fácil cedermos à tentação. Começamos devagar e quando damos por ela já estamos a competir até ao topo do KOM ou a entrar numa corrida. É com imensa facilidade que começamos a fazer corridas diárias, a treinar de forma puxada todos os dias.
Mas afinal é válido treinar todos os dias sem descanso? É válido ir a dar tudo sempre que estamos sobre duas rodas?
A verdade é que não.
Se viram o blog anterior sobre “Como se faz um ciclista – a perspectiva fisiológica”, perceberam a importância da parte muscular para este desporto. Como foi referido, os músculos são feitos por células chamadas miócitos, e a configuração destes varia consoante o tipo de exercício que fazemos.
O exercício acaba por ser uma actividade que provoca stress e induz inflamação a nível dos músculos. São estes os verdadeiros factores que levam os músculos a “crescer” – aumentar o número de fibras musculares, aumentar ou diminuir o tamanho dessas fibras e multiplicar o número de sarcómeros (pequenos componentes essenciais para a contração dos músculos).
No entanto para que este processo ocorra é tão importante o estímulo do exercício como o descanso e a recuperação.
É durante o período de descanso que os músculos se reconfiguram e reorganizam de forma a serem mais eficientes e produtivos da próxima vez que sejam necessários! Desta forma, um plano de treino estruturado tem obrigatoriamente períodos de descanso e dias de folga. A frequência destes vai ter de ser adaptada a capacidade física e ao treino específico de cada ciclista.
Do ponto de vista cardio-pulmonar, podemos aplicar a mesma lógica, no entanto acrescentando ainda um pequeno pormenor. Sempre que fazemos um treino puxado, roçamos ou até ultrapassamos a nossa capacidade cardio-pulmonar máxima. Quando isto acontece os nossos músculos vão buscar energias a outras fontes que não o oxigénio, por exemplo gordura e proteína. Este tipo de metabolismo diferente acaba por produzir ácido láctico, que se acumula a volta dos músculos e é responsável pelas dores intensas que sentimos após o exercício!
Sim, aquela dor sacana que nos põe a descer escadas de uma forma estranha é culpa do ácido láctico!
A melhor forma de eliminar este ácido láctico é por as pernas a rolar, sem qualquer tipo de carga e sem ser em esforço. Daí a importância de sessões de recuperação!
Agora já sabes, para conseguires dar o máximo nas corridas é também fundamental aprenderes a parar e a descansar!
Já não há desculpas para faltar ao Epic Recovery Ride de 2.ª Feira!
#RideOn!