Enquanto desportistas mais cedo ou mais tarde acabamos por nos cruzar com uma lesão.
Sem dúvida que é um dos nossos maiores medos. Todos já ouvimos histórias de quem se lesionou e teve que abandonar o desporto que tanto adorava. Nenhum de nós quer estar nessa posição, mas a verdade é que, de uma forma geral, grande parte dos desportistas desconhecem como devem abordar uma lesão.
Como grande parte de nós desconhece o que fazer quando temos uma dor nova, acabamos por dar asas à imaginação, ou eventualmente aos ouvidos! É daí que vem grande parte das coisas que generalizamos. Uns dizem “põe um pouco de gelo que isso passa!”. Outros insistem “tomar banho com agua bem quente é que te faria mesmo bem!”. Ainda há sempre quem receite uns medicamentos que a avó toma e a deixa pronta para as curvas ou quem passe logo o certificado de óbito!
A verdade é que a abordagem a uma lesão, não sendo linear nem chapa 5 para tudo deve seguir alguns pontos fundamentais:
1.º – identificar a lesão
Este será um dos passos mais fundamentais. Quando sentimos uma dor devemos delimita-la bem, perceber quais os movimentos que a despoletam e as posições em que alivia.
É uma dor que melhora ou piora com o movimento? Acaba por passar quando repousamos?
Tudo isto são elementos muito importantes para percebermos o que se passa. Permite-nos perceber logo se é uma lesão tendinosa, muscular, articular, óssea, etc. conseguimos diferenciar entre uma lesão que se perpetua pela inflamação que causa ou se é uma lesão mecânica. Com um interrogatório bem feito, a lesão bem caracterizada vamos ter metade do caminho feito.
2.º – Identificar a causa da lesão
Tendo o primeiro passo bem feito, este será o mesmo que encaixar uma peça de um puzzle já a meio do caminho! Algumas causas de lesão são bastante óbvias, como quedas, embates, etc. Outras já podem exigir que se perceba um pouco mais do contexto desportivo, por exemplo alguém que de forma repentina aumentou a Kilometragem semanal, ou alguém que não leu os artigos anteriores e não deu espaço a descanso e recuperação.
Aqui é sem dúvida importante que as pessoas tenham bem caracterizado o que fazem e como o fazem. Normalmente é também aqui que se descobre o investimento que é fazer um bom Bike Fit!
3.º – Aliviar a dor
Tendo percebido como é a lesão e o que está por detrás da mesma chega a hora de aliviarmos os sintomas. É importante já termos dado os passos anterior, por um lado porque se tratamos agora dos sintomas vamos ter dificuldade em caracterizar tudo outra vez caso seja necessário, por outro lado porque precisamos de saber o que é que se passa para tratarmos da melhor forma.
A dúvida entre o frio e o quente é fácil de perceber, mas tão depressa temos essa dúvida como a conseguimos desmistificar.
O gelo funciona como analgésico tópico, pois “entorpece” os receptores de dor que temos na zona onde o aplicamos. Para além disso induz vasoconstrição, levando a que as reacções inflamatórias sejam adiadas, menos intensas e por vezes não existam de todo! O gelo pode ser assim aplicado em traumatismos ou dores articulares de forma generalizada.
O calor por outro lado faz o contrário, induz a vasodilatação e o relaxamento muscular. Assim é útil nos casos de alguns tipos de dores musculares.
As dores articulares habitualmente resultam de traumatismos (quedas e pancadas) envolvem uma articulação do corpo e trazem consigo dificuldade em mobilizar a articulação (Ex dobrar o joelho ou fechar uma mão)
As dores musculares costumam ser mais dispersas, envolvem um ou mais músculos respeitando normalmente uma zona do corpo. Pioram com determinados movimentos que levam a contração destes músculos e melhoram quando repousamos esses músculos.
Alguns medicamentos também serão úteis para aliviar a dor.
Aqui a nota mais importante será o bom senso, procurem quem tem experiência neste campo e vos possa aconselhar e prescrever, se necessário, o melhor tratamento.
4.º – Dar espaço à recuperação
Por fim vem o último e derradeiro passo. Qualquer mazela demora tempo a passar. Temos que ter isso sempre presente. Se leram o artigo anterior perceberam a importância da recuperação e descanso para reparação muscular. Nos casos das lesões é um mecanismo semelhante, no entanto que pede um tempo de recuperação proporcional à lesão em si. Ou seja por vezes estamos a falar não de apenas um ou outro dia mas de semanas.
Por muito que custe temos que ver este período como um investimento na nossa saúde e na nossa capacidade de manter o nosso desporto favorito.
Assim todos percebemos como devemos abordar uma lesão.
Ao longo destes 4 passos é mesmo importante termos bom senso e noção do nosso limite.
Os profissionais de saúde aqui envolvidos (médicos, fisioterapeutas, osteopatas, etc) passam anos a aprender a abordar e distinguir os diferentes tipos de lesão, como diagnosticar, como as tratar e como evitar que voltem a aparecer. Isto não é algo que se possa aprender de um dia para o outro, nem que o Google responde de forma simples e automática.
A saúde é um dos motivos pelos quais muitos de nós pedalam diariamente. Todos queremos manter esta capacidade o maior tempo possível. Agora já temos mais algumas ferramentas para enfrentar alguns obstáculos que vão caindo no nosso percurso!
#RideOn!